A estátua do sonho de Nabucodonosor (parte II): Daniel 2
Em continuidade ao estudo focaremos nossa atenção nas descrições dadas aos pés e artelhos (dedos) de ferro e barro. Vejamos os versos:
- 33 “os pés, em parte, de ferro, em parte, de barro.”: Simboliza o quinto reino em nossa contagem. Este reino é bem representado nos versos 41, 42 e 43 com as expressões “Quanto ao que viste dos pés e dos artelhos, em parte, de barro de oleiro e, em parte, de ferro, será esse um reino dividido; contudo, haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, pois que viste o ferro misturado com barro de lodo.”, “Como os artelhos dos pés eram, em parte, de ferro e, em parte, de barro, assim, por uma parte, o reino será forte e, por outra, será frágil.” e “Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-ão mediante casamento, mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro.” respectivamente.
Este reino é apresentado com muitas descrições, portanto analisaremos detalhadamente cada uma delas. Inicialmente, conseguimos compreender que estamos falando de um reino cuja composição tem o elemento ferro, elemento este, identificado anteriormente. Seguindo esta linha de raciocínio, temos que a profecia aponta para o ressurgimento do “Império de Ferro”, ou seja, uma restauração do Império Romano, ou, ao menos, parte dele. Esta pode, em primeiro momento, parecer uma ideia improvável. No entanto, historicamente falando, uma reunificação, reunião, coalizão ou algo similar envolvendo as nações romanas já ocorreu inúmeras vezes após a queda parcial do império em 476 D.C. Vejamos algumas:
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Carlos Magno e o Sacro Império Romano-Germânico:
Carlos Magno, também chamado de Carlos I ou Carlos, o Grande, foi rei dos Francos (768-814 D.C), Francos e Lombardos (774-814 D.C) e o primeiro imperador do Sacro Império Romano, também conhecido, como Sacro Império Romano-Germânico, sendo coroado em 800 D.C pelo papa Leão III (MARK, Charlemagne). Este se tornou um personagem tão emblemático que chega a ser evocado como Pater Europae (Pai da Europa) em um discurso do papa João Paulo II, em 2004, na cidade de Aquisgrano, na Alemanha. O discurso é recheado de um pensamento de união político-cultural para o continente europeu, tendo a ICAR como sua mentora (Santa Sé, 2004). Quanto ao novo império, fundado pelo carolíngio, este perdurou de 800-1806 D.C, transitando entre os domínios franco e germânico (BARRACLOUGH, Holy Roman Empire). Ele compreendia em seu ápice territorial, o que hoje conhecemos como a Alemanha, a Áustria, a República Theca, a Suíça, a Holanda, a Bélgica, Luxemburgo, a parte oriental da França e partes do norte e do centro da Itália (Britannica Escola). Era claramente a tentativa de um restabelecimento do Império Romano do Ocidente, agora sob a bandeira da Cristandade (MARK, Western Roman Empire). -
Napoleão Bonaparte e o Primeiro Império Francês:
Napoleão I, mais conhecido por seu sobrenome Bonaparte, tem sua origem remontada a uma ilha no mar Mediterrâneo, e de um simples camponês, torna-se um ditador ímpar (GODECHOT, Napoleon I). Seu legado expansionista é pautado no modelo dos césares e seu fascínio por Roma fica evidenciado, quando este premia Paris com o Arco do Triunfo, um Arco com estilo arquitetônico romano para celebrar seus soldados mortos (Arc de Triomphe). A Legião de Honra, é mais uma prova da admiração de Bonaparte por Roma. Sua coroação, em 1804, Carlos Magno é evocado. Na própria França, Napoleão se intitula Cônsul, que nada mais que um título utilizado para nomear poderosos magistrados no governo romano. Admirador do general romano Júlio César, Napoleão mantinha o desejo de fazer da França o maior potência mundial. Seu regime se dá pelo Primeiro Império Francês, Grande Império da França, ou mais também chamado Império Napoleônico. Este perdura entre os anos X a X, com Napoleão, passando de general, para cônsul, para XX, até chegar no ápice do poder, sagrando-se Imperador. Seu domínio contemplava, as nações, além do Sacro-Império-Romano-Germânico.
Comentários
Levando em consideração os estudos do Canal Reino Eterno no YouTube, somando-se com este primoroso levantamento histórico deste blog, temos uma possível interpretação para a questão do ferro misturado com barro da profecia bíblica: islamismo e Cultura ocidental globalizada (esta, herança do helenismo absorvido e propagado por Roma).
Nilson Lacerda